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Neste artigo você vai entender como aplicar estratégias de liderança no dia a dia.
Muita gente acha que a liderança é um bicho de sete cabeças ou que é algo que se nasce sabendo tudo. Tenho um cliente de coaching que resistia em buscar posições maiores porque lá no fundo acreditava que “chefe não trabalha”, que quem realmente faz o trabalho duro não são os chefes.
Fato é que exercemos liderança em inúmeros momentos da nossa vida e não apenas como chefe ou gestor de uma equipe. Exercemos em casa, com os filhos, em círculos sociais, com prestadores de serviços e em muitas outras circunstâncias.
Existem pessoas que tem um dom natural para conduzir pessoas. Mas mesmo estas pessoas precisam treinar e desenvolver sua capacidade de liderar. É uma habilidade que pode ser adquirida, treinada e aperfeiçoada e que podemos desenvolver, se assim quisermos.
As duas funções de um líder:
Um líder ou gestor tem duas funções primordiais, que as vezes perde de vista com as demandas do dia a dia, mas que precisa estar sempre em seu campo de visão e ação:
- Definir a estratégia;
- Garantir que as pessoas do seu time construam esta estratégia.
A estratégia precisa ser definida pelo gestor e comunicada de forma clara para sua equipe. Este é papel fundamental do líder. Quais as metas da empresa e do departamento? Qual o papel do time no trabalho para alcançar estes objetivos? Estas metas precisam ser “destrinchadas” e o caminho para alcançá-las traçados e comunicados para o time, de forma simples e clara, para que possam entender seu papel e o que é esperado de cada um para cumprir aquela estratégia.
Então, o líder precisa garantir que as pessoas cumpram seus papeis e responsabilidades. Pode ser que o time tenha dificuldades e o papel do gestor é treinar o time a encontrar alternativas e superá-las. Pode ser que o time precise de foco e consistência e é papel do líder dar feedbacks continuamente, de forma clara, tanto do que precisa ser ajustado quanto do que está sendo feito conforme o esperado. A comunicação precisa ser clara, com respeito e sem melindres.
Pode ser também que o time precise crescer e se desenvolver em algum ponto para conseguir entregar aqueles resultados e é papel do gestor identificar, treinar (ou buscar treinamentos) e conduzir a equipe no sentido do crescimento, tanto em questões técnicas, quanto comportamentais.
Eu sempre estive em funções de liderança ao longo da minha carreira até aqui. Seja com times grandes, seja com times pequenos, seja para construir e produzir ou seja para montar estratégias. Fato é que sempre chegamos no mesmo ponto: lidar com pessoas.
Comportamento e Inteligência Emocional
Cada vez mais os profissionais têm trabalhado e buscado desenvolver não só o conhecimento técnico, mas também o comportamental. Desenvolver cada vez mais sua inteligência emocional, aprender a lidar melhor consigo mesmo e suas dificuldades, aprender a se relacionar melhor com os outros e as dificuldades deles. O comportamento é que vai garantir que cumpra o que é esperado dele. São questões chave que precisam estar no Plano de Desenvolvimento Individual de cada um. E esta habilidade pode ser desenvolvida.
Definir a estratégia e garantir que as pessoas do time trabalhem e construam aquela estratégia. Este é o foco do gestor e continuamente precisa estar trabalhando neste sentido.
Gestor sobrecarregado
Uma grande dor dos gestores é que estão sempre sobrecarregados, com mais trabalho do que conseguem dar conta. É comum também muitos gestores fazerem o trabalho do time ou junto com o time. Cada vez mais o foco do gestor deve ser em assumir seu papel de definir e fazer cumprir a estratégia e cada vez mesmo ter a função de um colaborador dentro do time. Claro que depende muito da realidade de cada negócio, mas o foco precisa ser este. E é um investimento de energia para trazer o foco nesta direção
Times muito dependentes e gestores muito centralizadores/controladores também sobrecarregam muito.
Quando todas as respostas e soluções para qualquer problema são esperadas do líder, os colaboradores enxergam que é papel do gestor dar todas as respostas ou fazer o trabalho junto com eles. Este não é o papel do gestor. Nestas situações, ou o time está muito imaturo e precisa se desenvolver ou o gestor precisa direcionar para que eles encontrem e construam respostas e solução.
Por outro lado, gestores muito controladores impedem o time de crescer. Quando todos os detalhes e micro decisões precisam ser centralizadas no gestor, o time fica dependente e o gestor completamente sobrecarregado. A criatividade, autorresponsabilidade e autonomia do time são castradas. O gestor com cada vez mais sobrecarga passa a gerenciar o micro e deixa de olhar para o macro. Nestes casos, os resultados geralmente desmoronam a médio prazo e o gestor fica esgotado.
Interrupções
As interrupções do time atrapalham a rotina de qualquer gestor. É preciso ter blocos específicos de tempo na semana para se proteger delas. O gestor não precisa e nem deve estar 100% do tempo disponível para o time. Em que momento irá pensar, desenhar e construir a estratégia? É comum os líderes passarem o tempo todo “apagando incêndios” e postergando os momentos de planejamento, tomada de decisão, ajustes e mudança de rumo, que são fundamentais para garantir o resultado.
Definir dois ou três blocos de uma ou duas horas cada na agenda semanal traz resultados imediatos. É preciso combinar e sinalizar para o time que nestes momentos não estará disponível.
Trabalho nas sessões de coaching com líderes uma técnica simples e eficaz: colocar um post -it vermelho na porta ou ao lado da tela do computador nestes 3 blocos de tempo semanais e comunicarem para o time que, se avistarem o post-it vermelho, o líder não está disponível naquele momento. Os resultados são imediatos e incríveis. Um momento de paz, onde podem focar na estratégia que é realmente importante. E são apenas 3 horas por semana. Muitos estudos mostram que perdemos cerca de 33% da nossa produtividade em uma semana, por causa de interrupções! Um terço do tempo! Nos primeiros dias, o time sempre testa e continua interrompendo o gestor com demandas “urgentes” e que não podem esperar. Na verdade, em 99% dos casos, apenas querem ter suas demandas atendidas naquele momento, pois foram treinados assim. Em menos de duas semanas, acostumam-se que naquele período o líder não está disponível. Tudo é treinamento.
Estamos treinando o tempo todo
O tempo todo o time está sendo treinado. Seja treinado em como fazer ou treinado em como não fazer. Mas está sendo treinado. Por isso é preciso atenção em que tipo de mensagem estamos passando. Não passar mensagens ou orientações também é um tipo de treinamento e o gestor pode ter dificuldade quando precisar redirecionar o time, pois está treinado a não receber orientação.
No exemplo do post-it vermelho, se você ceder a interrupções, está treinando de que está tudo bem quebrar um combinado que você colocou. Em duas semanas o post-it vermelho não tem mais função nenhuma.
O carregador do Piano
Eu trabalhei com um cliente de coaching que tinha dificuldade de aceitar o papel de liderança. Na visão dele, quem faz realmente o trabalho é quem carrega o piano. As entregas, os documentos, os relatórios, são todos feitos pelo time. A antiga visão dele: o gestor “não trabalha”. Fato é que as responsabilidades são diferentes e cada um tem sua função. Existe o carregador do piano, mas também é preciso quem vai tocar o piano. É preciso ter o espaço pronto para o espetáculo, é preciso que tudo seja organizado, é preciso alugar o piano e a logística para entregá-lo na data do evento, é preciso divulgar o evento, vender os ingressos, receber o público, atender o público e planejar todos os eventos para que possamos ouvir as lindas melodias do piano.
Quando se é promovido para gestor do time, as responsabilidades mudam. Não é mais o mesmo tipo de entrega que você tinha anteriormente. E geralmente os times têm dificuldade de entender este conceito: é outro tipo de trabalho, outro tipo de entrega.
São muitas responsabilidades e cada pessoa, cada departamento e cada time tem a sua a cumprir. O trabalho do gestor é diferente do trabalho do seu time. Nem por isso um trabalha mais e o outro trabalha menos. Todos têm responsabilidades e todos são importantes, caso contrário não temos espetáculo! De que adianta ter piano, mas não ter músico, nem local, nem público. E de que adianta vender todos os ingressos, casa cheia e não ter piano para tocar?
O que você pode fazer para desenvolver sua liderança ou se preparar para ela
O treinamento de líder é contínuo. Lidar, conduzir e desenvolver pessoas é um trabalho maravilhoso e nunca se tem todo o conhecimento ou se está totalmente pronto. Sempre há espaço para aprender e se desenvolver, esta é a maravilha da caminhada. Abaixo, alguns desenvolvimentos que vão mudar completamente sua forma de liderar ou preparar-se para ela. Escolha um ou dois para começar ou aperfeiçoar.
– Liderança Comportamental – aprender a liderar de acordo com o perfil comportamental de cada pessoa, existem cursos e treinamentos (tenho uma série de 5 artigos sobre o tema).
– Aprender a dar feedback – existe técnica, ferramentas e cursos para isso.
– Aprender a lidar com as suas dificuldades internas de dar feedback – caso seja seu caso, sessões com um coach profissional podem ajudar muito.
– Autossabotagem – trabalhar sua autossabotagem que atrapalha seu dia a dia e aprender a lidar com a autossabotagem das pessoas do seu time, é fundamental na gestão comportamental – algumas sessões de coaching podem ajudar muito você.
– Aprender a traçar estratégias e planos de negócio para sua área – são fundamentais e existe muito material gratuito, livros e cursos sobre o tema.
– Aprender a delegar e a lidar com as suas dificuldades internas de delegar (autossabotagem).
Fonte: https://www.contabeis.com.br/artigos/7030/lideranca-na-pratica-como-liderar-com-assertividade-e-alavancar-seus-resultados/